quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O guarda-chuva

Adalberto não tinha uma perna havia anos, e sabia que não podia andar de muletas e guarda-chuva ao mesmo tempo, pois qualquer queda poderia ser desastrosa.

Eis que um dia indo para o trabalho, como de costume, fumando um cigarro enquanto esperava o ônibus, notou a moça de branco subindo para o ponto. Quando menos esperava, quase na metade de seu cigarro, a chuva veio. Ele se lembrou da pequena marquise da casa abaixo, mas quando olhou, lá estava a moça de branco se protegendo d’água. Para sua sorte no segundo trago o ônibus surge na esquina.

A preocupação agora era na hora de descer e encarar a água novamente, mas para sua sorte um ponto antes do seu, ela cessa. Durante a caminhada viajou completamente nas músicas de seu telefone, adentrando em cada história que elas contavam, assim como esta é uma delas.

Quando parou no semáforo viu as pessoas começando a abrir as sombrinhas e guarda-chuvas e a chuva chegando como em câmera lenta. Fechou os olhos, virou a cabeça para trás, sentiu cada gota caindo em seu rosto, era a melhor das utopias, de repente a chuva para e uma voz simpática lhe diz: Quer dividir comigo? Ao abrir os olhos havia uma moça, morena, baixa, com um belo sorriso. –Obrigado! Agradeceu e logo atravessaram. –Você é bem alto, ela disse. Ele sorrindo: As vezes é bom tomar uma pouco de chuva para lavar a alma, ela sorriu de volta se despediu.
Adalberto achou incrível como um simples gesto animou seu dia, e seguiu para o trabalho, debaixo da chuva...

Um comentário:

  1. Assim que gosto de ver as pessoas. As vezes não temos uma perna, outras não temos um guarda chuva. mas o pior é aqueles que não tem amigos. Tropeçar faz parte... lave sempre sua alma na chuva...

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